Karenina Marzulo




Flaminga e os Flamingos
“Flaminga e os Flamingos” é um trabalho onde a imagem e as palavras, ditas e não ditas, se entrelaçam para contar uma história.
É uma imagem ou uma história?
É a história da imagem ou uma imagem da história?
Ao espectador é trazido um convite de entrada para outra realidade. É aberto para ele um espaço lúdico e íntimo aonde se propõem uma ficção própria no qual se é possível transitar em outra vida podendo este se reconhecer como personagem também. Possui como elementos principais uma menina, representada através de fotos antigas de crianças diferentes e os flamingos. A criação da composição tem como base as fotografias de minha autoria, fotografias antigas (não datadas, mas pela indumentária e composição fotográfica crê-se que são do séc. XIX) e outras imagens pesquisadas. A pintura entra como uma interferência de cunho criativo para complementaras composições criadas digitalmente através da colagem ou fotomontagem.
Inicialmente o objetivo desse projeto era de ilustrar uma história, porém no decorrer do processo foi abandonada a vinculação de imagens e palavras para se tornar uma criação independente onde só havia agora espaço para as imagens.
Dentro dessa nova proposta, as imagens instigam o observador a criar sua própria narrativa na ordem que melhor lhe aprouver.
Há também, o desaparecimento dos limites entre o ontem e o hoje. O tempo pertence ao objetivo. Em nosso subconsciente, em nossas dimensões mais interiores, passado e presente coexistem e se fundem. Vou de encontro aos sonhos e a realidade, tão contraditórios, mas que possuem uma resolução futura em uma espécie real absoluta de surrealidade. Para isso recorro a imaginação, só ela pode definir o que pode ser, podendo se entregar sem receios de certezas e incertezas, sem a ânsia de um suposto engano. Do ir e retornar, do criar e recriar. Os racionalismo absoluto não permite considerar senão fatos dependendo somente de experiências vividas. Os fins lógicos nos escapam e entra para satisfazer experiências nos quais não foram impostas limites do real e do irreal. Assim, porque não conceder ao sonho e a esse trabalho o que eu me recuso por fatores inumeráveis a realidade? - Karenina Marzulo
“Se conservar alguma lucidez, não poderá senão recordar-se de sua infância, que lhe parecerá repleta de encantos, por mais massacrada que tenha sido com o desvelo dos ensinantes. Aí, a ausência de qualquer rigorismo conhecido que lhe dá a perspectiva de levar diversas vidas, ao mesmo tempo; ele se agarra a essa ilusão; só querer conhecer a facilidade momentânea, extrema, de todas as coisas.”- André Breton.